quinta-feira, 11 de março de 2010

Precisava ser dito sem você entender

Mesmo sem norte, gritou aos outros cantos, chamou-os em voz alta, gritou para falar a verdade, e quando todos os três chegaram ela não perdeu tempo, juntou-os nas próprias mãos, firme não arredou um dedo do outro, correu noite a dentro ate chegar o dia, subiu a montanha da qual sempre teve medo, no topo, no limiar chorou, chorou descompassadamente, ali ninguem a veria e suas lágrimas que banhavam sua roupa foram criando flores, e ela chorava, e flores nasciam, bétulas e lirios brancos, o dia passava, a noite chegava, as mãos serradas, e o choro virando rio, o choro virando chuva, ela ficando nua, ficando pele, ficando só, e foi nesse momento de nudez, solidão, águas e flores, ela abriu as mãos e engoliu os cantos, todos eles, numa única respiração.

Noh Gomes

3 comentários:

  1. Eu vivo me surpreendendo com este blog viu... Está de cara nova de novo.. rsrs amei a imagem...
    Como vc está flor? e a entrevista, deu certo?

    Beijos

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  2. no minimo: lindo :)

    *te vi no blog do daniel*

    beijos
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  3. '...ela abriu as mãos e engoliu os cantos, todos eles, numa única respiração.'

    Intenso como nós!

    Lindo texto...
    Saudades daqui *-*

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