quarta-feira, 10 de março de 2010

Congratulations, girl.

** A sinceridade abusada do texto me fez pedir autorização para mostra-lo por aqui, sei que o texto é grande, e espero que a preguiça seja pequena, se deliciem, leiam porque é ótimo. **



É que hoje é o tal dia das meninas. Ah, nem viveria sem elas, sabe disso? Como manter a respiração contínua sabendo que ninguém nos espera, sabendo que não temos ninguém aguardando a chegada de vosso sorriso?? E digo isso num geral, saca? Mãe, prima, avó, irmãs, vizinhas, mulheres dos outros, as nossas mulheres, tudo gira em torno delas, é óbvio. Queimaram a porra do soutien, nos enfrentaram com bobs na cabeça e rolo de massa na mão, prontas pro espancamento em plena madrugada quando bêbados adentramos o lar delas. Sim, delas, nada é nosso. Somos figurantes ridículos e dispensáveis fronte ao que elas representam. A gente sustenta a casa – a gente homens, claro, eu não sustento nada ainda, só copos – mas, no fundo, o controle são delas. A gente não serve pra muita coisa mesmo. A gente deixa pentelho no sabonete, deixa a tampa levantada, muda o canal da novela na hora do jogo, arrota sem controle, peida debaixo do edredon, fica bêbado, come qualquer porra na madrugada, dilacera moelas fedorentas, come jiló com cerveja, coça o saco, deixa a luz acesa, ouve rock nas alturas, acha graça e emoção em filmes de sangue e porradaria...
Porra, por isso que deus não tinha mulher, também. Nem Eva agüentou Adão e o trocou por uma maçã ( foi essa a história? Não lembro ), ou uma cobra, sei lá, o que era até mais jogo pra elas. Só o tempo mudou, até hoje elas acordam de manhã, comem maça, fazem café, e no primeiro sinal de vacilo, trocam de cobra. E a gente, bobos e babacas, vamos trancafiar lágrimas mimadas e ódio e vingança nos botecos da vida. Sábio são José, Miguel, Zé, Jão, Severino e afins, esses nossos companheiros de boteco que não possuem mulher, andam sem controle, e se sustentam de birita e pão com ovo enquanto a dona morte não chega. Tá vendo? Até quem decide a hora de partir é “ela”. Não existem “ Senhor Morte”. ProcÊs verem em que estágio a gente está andando.E eu que ando desesperançado em tudo, fico sem saber como agir. Fico na dúvida entre o chute nas nádegas das que insistem em me perturbar, ou um chute frontal, diante do espelho, na minha própria fuça, quem sabe assim, na réstia esperança de que algo mude em minha patética e deliciosa vida. E nem ligo. Qualquer coisa, vou viver La ácida vita como qualquer um por aí. Sem essa de pasta social, camisa pólo e sapatos brilhando no elevador. Sem essa de reunião, fechamento de negócios, ou cantadas promissoras, “ oi, vamos almoçar amanhã? “, pra secretária do chefe. Nada disso anda me empolgando. Não quero achar digno a manceba que abre o jornal de manhã e fica toda toda lépida e faceira porque arrumou um emprego de telemarketing comissionada e pressionada pra atingir METAS. Pro caraleo, Jô. Sem essa de metas e planos. A idéia aqui é sorrir e ser feliz, sem aumento dos índices impulsionadores e responsáveis por futuros AVC´s, estresses, quedas de pressões, só porque tal resultado não foi atingido e que assim teu inescrupuloso chefe receberás chamadas da hierarquia superior. Pro cú, com tuas benfeitorias de funcionário do mês. Vestir camisa da empresa pra mim é jogar uma pelada pela firma num sábado calorento sob pretexto de tomar umas geladas. Nessas horas sim, a gente emite nota, recibo e envia pra Tesouraria da corporação de modo a ser ressarcido. São nessas horas somente que a parada precisa funcionar. O resto nem é de tanta valia. Sou mais enfrentar a selvagem concorrência dos pedintes da cidade maravilhosa e ir à luta por trocados e miúdos.
Mas porque eu to falando tanta merda? A intenção nem é essa. Quero apenas é parabenizar todas as afoitas que ululam madrugada a fora, querendo coisas adentro e/ou similares de suas desconquistas nada parcimônicas. Meus aplausos hoje são pra elas. As que adentram os recintos e quebram tudo, quando se vêem “ameaçadas”, pela gostosa morena de saia pequena, salto alto e tatuagem no cóccix. Pelas que insistem em checar e rechecar nossos bolsos quando chegamos ao encontro delas. Pelas que fuçam nosso celular enquanto cagamos, pelas que ficam atentas quando nossos celularem vibram com as msgs recebidas, e querem conferir se realmente aquele torpedo falava da nova promoção da Claro, e que não era nenhuma “vadia”, “rampeira”, “piranha”, que, na cabeça delas, a gente tem pelas ruas.(onde já se viu?). Meus préstimos aqui são pras que adentram o restaurante exalando aquele perfume alucinante. Pras que marcam com a gente, demoram 10 minutos, mas compensam quando chegam lindas e quando arrancam olhares dos terceiros do local, nos fazendo sentires invejados, orgulhosos, encarando-os, como se gritássemos: “TÃO OLHANDO O QUE, CARAJO? ELA É MINHA, TÁ COMIGO, C-O-M-I-G-O, ELA ME QUER, ME GOSTA, ME AMA, E HOJE A NOITE, ENQUANTO VOCÊS ESTIVEREM ARROTANDO BISCOITO TORCIDA E AMENDOINS COMPRADOS NO CAMELÔ, ESTAREMOS TENDO UMA NOITE DE SEXO SELVAGEM”, das que fazem as outras mulheres do recinto as olharem invejosas, colocando defeitos na unha, no cabelo, no jeito de andar, na roupa, ou em qualquer coisa que as denunciem: “EU QUERO SER COMO ELAAAAAAAAAAA. AH, QUE MULHER ESCROTA. BONITA PRA CARALEO, DEVE SER TRAVESTI OU PUTA. NÃO EXISTE MULHER ASSIM.”
Meus fogos de hoje são pra estas, que brigam conosco quando passamos do ponto da bebida, que reclamam quando acordamos tarde, que não a ajudamos em nada, que molhamos o banheiro todo, que deixamos a toalha na sala, as meias na mesa, a cueca dentro do escorredor de pratos, que deixamos de acertar a conta do gás porque sobrou somente uma grana pra cerveja, das que nos recebem sedentas, com “fome”, “sede”, das que, em meio à madrugada, nos acordam, querem ser despertadas, acordadas, pra depois dormirem felizes para sempre, como toda princesa merece. Hoje minhas explosões vão praquelas que negam fogo, que nos provocam na rua, as que trocam olhares, desejos e vontades com a gente, das que nos comem com os olhos, das que são comidas por picas, das que pedem “mais forte, porra”, das que imploram “ não para, por favor, não para...”, das que gemem alto, das que soluçam baixinho, das que nos reprovam com olhares quando mandamos alguma gracinha errada, das que enlouquecem quando são dominadas, das que mordem o travesseiro, das que reviram os olhos, das que explodem em gracejos indecifráveis, das que nos xingam deliciosamente, das cachorras, das safadas, das puritanas, das putas camufladas, das putas putas, das falsas puras, das profanas, das damas da lotação, das bonitinhas, mas ordinárias, das rampeiras assumidas, das candangas que não sabem o que querem e mudam de opinião em segundos, das Maria-qualquer-coisa, das que só bebem coca, das que bebem cachaça, das que lêem Bukovski, Beats, das que nem sabem ler nas entrelinhas, das que fogem da linha, das que reclama de tudo. Meus dizeres hoje são pra vocês. Mais que merecido.
Meus desejos de felicidades e vida próspera são pra vocês, mulheres pequenas, enormes, pras baleias, pras saradas, pras normais, pras gordas, pras falsas magras, pras deliciosas negras, ruivas, loiras, morenas, brancas, pardas, pras que não tem bunda, pras que tem muito peito, pras que possuem celulite, pras que freqüentam a praia, igreja, macumba, pras que me traíram, pras que traíram o marido, noivo, namorado comigo, pras que chuparam meu pau, pras que dão o cú, pras que pedem mais sempre, pras que nunca dão de primeira, pras que fazem swing, troca de casais, pras que fumam maconha, pras que se perdem, pras que nunca desejam ser achadas, pra que dão na escada, no carro, pras que adoram ser chamadas na hora H de putinha, cachorra, safada, vadia, pras que são vagabundas mesmo, e assumem, pras que ainda estão no caminho aprendendo o processo, pras velhas salientes, pras novinhas ainda ingênuas, pras filhas, irmãs, mães, avós, cunhadas, vizinhas. Meus sinceros votos pras que gostam de leitinho na cara, pras que possuem nojo, pras que beijam mulheres, pras que gostam de 2, 3, 4 ao mesmo tempo, pras que dão por amor, pras que dão por dinheiro, pras que dão por carência, pras que dão simplesmente por dar, pras que dançam todas as músicas com a mão pro alto, pras que cantam sempre, pras que perdem o salto, mas não a compostura, pras que nem exigem postura, pras caras, pras baratas, pras ricas e pras duras, pra Hebe, pra Xuxa, pra Elza Soares, pra falecida Dercy, pra minha, pra tua, pras deles, pras delas, enfim, minhas singelas bitocas e passadas de mão na bunda caída de todas as mulheres – e as que se consideram mulheres, sem preconceito, vamos lá – desse mundão. Que continuem assim, nos tirando a paz, nos deixando loucos, nos fazendo assassinar amigos, amantes e maridos, seja pela herança, seja pelo suposto amor, que sigam com essa raba pra lá e cá, provocando os peões de obras, os porteiros paraíbas, deixando tinindo de raiva as barangas sem rola, fazendo com que gastemos o que temos e o que não temos, simplesmente pra nos sentirmos entrando e saindo de dentro de vocês....
Não vou me alongar, até porque tenho um encontro saliente, mas gostaria de deixar meus mais sinceros votos de castidade e meus profundos desejos de que continuem dando, cedendo, forçando, provocando, sustentando, implicando, supondo, sustando, superando e qualquer coisas parecida com isso, para que permaneçam e sejam sempre esse pesadelo em nossas vidas, e que, quando morrermos, vocês troquem apenas de homens, prossigam suas vidas com novos delinqüentes, com nossas heranças, e aquele leve e maroto sorriso no cantinho do rosto, digno e visto sempre nas pessoas que sabem viver La dolce e que não vieram ao mundo pra dançar...

http://papodedanibar.blogspot.com/
Daniel Souza

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