sexta-feira, 30 de julho de 2010

Acolho a mim sem solidão no peito

Ela pousa a cabeça no meu colo, queria tanto lhe falar, falar do que sinto, do que desejo a ela. Ela pousa a cabeça no meu colo, eu falo, falo baixo, manso, que é para não assustar, ela continua quieta, encolhida a deitar. Ela pousa a cabeça no meu colo, e eu digo que a vida é uma escolha diária, que se escolhe ser feliz ou triste, que há como mudar e que todo dia é um novo dia, ela suspira e continua quieta e continua a deitar. Ela pousa a cabeça no meu colo, e eu continuo a falar, digo que acordar é um presente e que devemos ser gratos a todo momento, esta tudo na nossa frente, a um palmo de distância, mas que ela precisa escolher, a vida é uma escolha, e ela continua quieta, suspira mais uma vez e volta a deitar. Ela pousa a cabeça no meu colo, eu ja não digo mais nada, abaixo minha cabeça, dou-lhe um beijo nos cabelos, afago sua cabeça e respiro fundo, e ela, ela continua quieta, suspira e dorme.

Noh Gomes

quinta-feira, 29 de julho de 2010

É mais ou menos assim

- Mãe.

- Oi amor.

- Torinha, mãe Torinha.

- Ta bom Duda, deita ai, hoje vai ser da Branca de Neve tá.

- Não mãe, não, nananinanão.

- Então qual Duda?

- A do Poquinho mãe, dos três (essa parte é feita com os dedos).

- Mas de novo Duda?

- Poquinho mãe.

- Ta bom, deita ai.

- Toc toc toc (isso foi ela fazendo na minha cabeça com a mão fechada)

- Aiiiii. Que isso Duda?

- É o lobo mau kkkkkkkkkkkkkkk.



P.s: vou começar a rever melhor as historinhas infantis, ela ama o lobo rsrs.

Noh Gomes

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O fim do Ouriço

"... refletindo sobre isso, esta noite, com o coração e o estômago em migalhas, pensei que, afinal, talvez seja isso a vida: muito desespero, mas também alguns momentos de beleza em que o tempo não é mais o mesmo. É como se as notas de música fizessem uma espécie de parênteses no tempo, de suspensão, um alhures aqui mesmo, um sempre no nunca.
Sim, é isso, um sempre no nunca..."

A elegância do Ouriçõ
Muriel Barbery


Não preciso dizer o quanto chorei ao terminar o livro, doeu, vi tantas folhas mortas caindo das árvores que explicar não tinha como, fiquei dois dias pensando nesse presente, nesse livro, e o que posso dizer, se é que posso dizer, é que sou Ouriço, sou Renée, sou Paloma, ja fui Colombe, ja fui Solange e peço muito a Deus para um dia ser Kakuro.

Noh Gomes

terça-feira, 27 de julho de 2010

No dia que ela pegou aquele avião.

Quando ela embarcou naquele avião, meus sentimentos estavam quietos, meio dormentes ainda, como será estar e viver sem ela, quando cheguei em casa olhei para o quarto vazio, arrumado, flores na cabeceira, o chinelo ao lado cama. Suspirei várias vezes, sentei na beirada da cama e fiquei a olhar, ela vai voltar. Dias foram se passando e tudo girando normalmente, cabeça inquieta, a mesma insônia a dois anos, um cansaço de rua, uma vontade imensa de ficar, acordei todos os dias com todas as obrigações a cumprir, plantas para regar, roupas para lavar, cozinha para arrumar, comida a fazer, criança para levar, trabalho, encontros, pernas pra cima, pernas para baixo. Nesse tempo em que pude estar só, aprendi a estar comigo, a ler para mim, a comentar comigo, a dormir e me dar boa noite, a criar e tentar estar so com a Cria, não pedi conselhos, nem opiniões, chorei sozinha, sorri sozinha, assisti Beleza Roubada no sofá, anoite e sozinha, fiz sopa, fiz almoços, lanches e bebi uma garrafa de vinho. Olhei, observei e vi que me basto, que me completo.
Agora ela esta prestes a voltar, enfeito o quarto, a casa, arredo os movéis, acendo o incenso, Maria Bethania canta que sou Tua, arrumo o jardim, faço um bolo, preparo um bom banho e espero sentada no sofá.
No dia que ela pegou aquele avião, eu também peguei um, mas esse era para dentro de mim.

Noh GOmes

segunda-feira, 26 de julho de 2010

De todos os temperos, um deles me tirou os espinhos

Todos os temperos que provo, alguns aprovo, outros desaprovo,mas tento experimentar, sempre tive dificuldade em experimentar o novo, então sempre fui um ouriço, é, vi isso sexta-feira passada, que sou um ouriço, é uma armadura forte, uma fortaleza impenetravél, será mesmo? De todos os temperos que me deixei envolver o Amor, um amor que eu nunca conheci e achei que nem existia se mostrou, uma entrega de coisas boas, um compartilhar de vida, um sendo dois, é o melhor tempero do mundo.
Descobri também que só encontrei esse tempero porque estava temperada o suficiente, mel, fel, sal, açucar, mascavo, açafrão, alecrim, ervas e mais ervas e estando assim, temperada, encontrei o tempero maior, a liga que me faltava, sei que se eu não estivesse assim, não encontraria com tamanha facilidade, é claro que sou um destempero total, dias doces, dias salgados, mas existe essa liga que me liga e me abre, depois desse fim de semana, eu esse ouriço nada elegante perdeu os espinhos, estou tão feliz, tão feliz.
Amor, é isso, amor é a liga, o feliz independente de.

Obrigada amor, obrigada amor.

Noh Gomes

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mergulho e tento respirar

"Afinal, a vida e a morte são apenas a consequência de uma construção bem ou mal edificada. É o que diz um dos personagens de Taniguchi: você vive, você morre, são consequências. É um provérbio de go e um provérbio de vida.
Viver, morrer: são apenas consequências daquilo que se construiu. O que conta é construir bem. Então, pois é, me impus uma obrigação. Vou parar de desfazer, de desconstruir, vou começar a construir.O que conta é o que se faz no momento em que se morre..."

Muriel Barbery

A elegância do Ouriço.


Quero aprender a construir, já.
Noh Gomes

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Quando todas os pinos resolvem se soltar

TPM ou falta de Coragem?
Encruzilhada entre Obrigação e ser Feliz.


Alguém ai conhece um bom remédio para Pinos Soltos???
Aceito sugestões


Noh

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ta escrito na minha parede

Comprometimento
Alegria
e Oração.

Noh Gomes

sábado, 17 de julho de 2010

Ostras, Ouriços e Outras coisas a mais no dia

Por curiosidade comecei a ler, minha mãe sempre leu, lia a todo momento, trocava livros, comprava-os, ganhava e assim diante do meu olhar, fui ficando instigada,e pronto, depois do primeiro nunca mais parei, hoje tenho em sonho uma biblioteca em casa, quero estantes e mais estantes daquela madeira escura cheia de livros. Eu os cheiro antes de compra-los, eu os cheiro antes de lê-los, eu os cheiro assim que acabo, não sei porque, mania pode ser, assim que tenho nas mãos um dos livros que habitam minha lista de Quereres, subtamente tenho uma *felicidade clandestina, muitas vezes nem os leio de imediato, abraço-o contra o peito e espero a hora deles, ja passei uma semana namorando um livro na cabeceira. Hoje sigo atenta a capas, nomes principalmente, é, na verdade escolho livros pelo título, não me interessa a cor, a grossura, a figura, mas o título, esse sim me hipnotiza e me faz querer, sonhar, desejar e depois possuir, também tem isso, não os possuo de imediato, namoro um livro meses, não pelo dinheiro, mas pelo prazer de olhar, de trocar sensações e se meu namoro interno durar, eis que o compro e leio cada página degustando, me deliciando com o jogo das palavras, a brincadeira do autor.
É claro que nem sempre me encontro nas páginas, mas sempre há algo, nas entre linhas, nas letras miúdas de rodapés, há sempre algo a se ver, a se conhecer.
Mal começo a ler um e ja tem outro na lista, outro para ser enamorado, para ser conquistado, hoje, agora, leio a Elegância do Ouriço, por enquanto em cada página há letras minhas, coisas minhas, tão minhas que meus olhos não acreditam, a cabeça se alegra com a nova leitura, com a nova expectativa. Já o coração, esse vagabundo coração ja enamora um novo achado de ontem, um novo nome, um título no minimo curioso, Ostra Feliz não faz perola.
Vendo meu prazer, meu encanto por essas páginas meio amareladas, por letras garrafais ou não, em negrito ou itálico, cresce dentro de mim a vontade, aquela que é sempre tão guardada, tão confusa, mas tão latente, de quem sabe além de uma biblioteca, eu também não faça parte de uma, não como ser, mas como livro.

Noh Gomes

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Uma folha verde com ar sabido

É das nuvens que ela vê a chuva,nem sempre cai por aqui disse a pequena, mas ela passa e o cheiro do ar muda, um cheiro de assentamento, de animos assentados, de ar mais leve, de sopro de vida. Ela voa por aí reparando e recortando rostos, nas ruas, nos ônibus e em toda esquina, ela voa por aí, rodopia sem ver, gira os pés engraçadamente, tropeça quase sempre, mas ela voa por aí. Deita na grama e se vê verde, vê tudo ficando verde, até o sol vira uma imensa bola verde, ri de quem passa, ri de quem não entende nada disso, de quem não sente, de quem não relaxa, ela ri, ri de si mesma, chora de si mesma e respira fundo até os pulmões reclamarem.
Ela anda indecisa, incomodada, inconformada, anda bicuda, cabeça baixa, braços pesados, mas ela também anda solta, de oculos escuros, cabelos voantes e olhar puxado, ela anda mesmo não querendo andar, mesmo querendo ficar parada, feito a estutua de Milo, com seios de fora, olhando para o nada de dentro. Ela voa, ela anda, ela pará, ela ri, ela chora, ela imita, ela dança, ela deita, ela vê, ela tranca, ela se fecha, ela so solta, ela se entrega, ela se guarda, ela é ela.

Noh GOmes

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Prosa risada

Liga o vento na passagem
um aberto que uiva
é loba, é chuva, é vida
Encaixa pernas e braços
regado tudo a vinho e risadas
é boca, é sorriso, trocadilho
Me liberta as mãos
me pinta com o enroscar
é entrega, é troca, é boca
Dança pra mim, com o meu corpo
canta o que é do momento
experimenta o doce, o sal, o mel
é vicio, é sol, coração.

Noh GOmes

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Meus pés doem

Eu me escuto, me silencio e deixo falar, separo o joio do trito aqui dentro, sei o que é meu e o que é do outro, eu me escuto todo dia e tendo agir igualmente a meus comandos e desmandos internos. Sou convicta do que sinto, eu me respeito, respeito meu ritmo, e no atual momento meu ritmo anda um pouco mais lento, meu organismo anda mais lento, é uma fase de introspecção e decisão a todo momento, mas eu sei de mim, sei do meu coração, do que sinto, eu sei disso. Bonito e nada fácil dizer isso, a um certo egoísmo e até mesmo digo um certo recolhimento, uma certa cautela no caminhar, no falar, mas acredito eu que hoje é isso que preciso fazer por mim, me recolher e caminhar o quanto aguento, da maneira que meus pés aguentam e mais até, de uma maneira confortavél e sem estrondo.

Não quero a compreensão do mundo, mas o respeito ao que sou.

Noh Gomes

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Escuta e Faz

Essas são palavras de otimismo, de clarão e apoio, é para ser feliz. Esquece tudo isso, esquece toda essa tristeza, agonia, angustia e interrogação, nada disse existe, nunca existiu, tudo isso não exite. Esquece os defeitos, os problemas, o ódio, a raiva e desgosto, nada disse existe, esquece porque tudo isso não existe.
So existe o que você quer que exista, so acontece o que você quer que aconteça, é tudo obra sua, suas mãos plantam as sementes e você colhe, mas não se preocupe, se a semente não é boa, replanta, joga fora, assuma que não foi uma boa escolha e pare de reclamar, tem muita terra, muita água, existe mãos, pernas e ar, existe ar.
Fácil falar, não, não é fácil falar, nem entender e muito menos colocar em prática, mas quem disse que essa vida é fácil como você quer? Pode ser fácil como deve ser, mas ainda estamos dormindo, em coma.
Acordaaaaaaaaaaaaaa, sacodeeeeeeee e vamo caminhar.

Essas palavras foram o apoio interno que eu recebi hoje de mim mesma, mudanças sempre.

Noh Gomes

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Descubro um ponto, uma virgula todo dia

Tenho sorriso pra tudo e sei bem que sorrio até mesmo na hora errada, tenho ouvido pra muita coisa, mas também tem coisa que passa desapercebido, meu nariz funciona bem, meus olhos tem miopia, penso mais rápido do que falo aí acabo falando embolado e alto, sou desastrada, não sei direito meu tamanho, sei que perdi medidas nesses últimos meses, mas não sei minha proporção. Descobri à alguns anos, a oito anos exatamente um mundo novo, que vive dentro de mim e fora, e com isso descobri mil coisas boas, outras nem tanto, mas sei que minha alma é violeta, nasci sobre a influência da cor azul e ainda não consigo entender o porque de não ter nenhuma roupa dessa cor. Hoje suspirei fundo e disse a minha mãe que queria ter sido bailarina, ela sorriu e me pediu desculpas por não saber antes, eu ri, porque também ja quis ser astronauta, contorcionista, a menina que foge com o circo, a menina que trabalha e vive na livraria, a dona de restaurantes diferentes, fotográfa e mais mil coisas. Tenho uma certa paixão por viajar, tenho certo receio por mergulhar, não tenho bichos de estimação, aprendo a ser mãe no mesmo ritmo de crescimento da minha Maria, tenho uma amiga que nunca vi, que tem o mesmo nome que o meu, que gosta das mesmas coisas que eu, que me encontrou por aqui e que mora no meu coração. Tenho um amor bom, sadio, gostoso e companheiro. Tenho neura com qual profissão seguir, qual vinho servir. Tenho grades imaginárias, muros que me fazem parar no meio do caminho, tenho música eterna, que escuto todo dia e choro de emoção, tenho um livro de cabeceira que me faz ser quem eu sou e tenho paixão, tesão pela escrita, uma escrita minha, da minha cabeça e que nem sempre sai pelos dedos. Tenho, sou e tento.

Noh Gomes

terça-feira, 6 de julho de 2010

O que você não quer saber

Gaiolas sem grades, é nesse mundo insano que vivemos,
sou eu, sou você, somos todos um só.
Viventes e sobreviventes, cabeças atoladas ate o pescoço, sorrisos felizes, não sabem, elas, pobres cabeças cinzentas, não sabem o que dizem,
não sabem da onde vieram e muito menos o que são.
Gaiolas sem grades, prisioneiros somos todos, do corpo e do ego.
Portas sem fechaduras, vivemos no escuro, optamos pelo escuro, enquanto isso, o sol, o sol queima, arde e faz viver.
Olhos cerrados, bocas falsas, dedos endurecidos, corpos em coma.

Noh Gomes

domingo, 4 de julho de 2010

Aleatório ou não

É um nu que escorrega
que percorre
É uma perna que adormece
que se esconde
É um olho que não vê
um silêncio que apazigua
É um rugir dos pés a cabeça
É um nagual que não se revela
É um vinho que não acalenta
não diz e não faz
É um pão que não alimenta
que não sacia
É um vão que vem e vai
É um caminhar que dorme
Um passo que não acerta
uma boca bem marcada
e um chiclete sabor de menta.

Noh Gomes